Japão (3) Outono em Kyoto - Roteiro de 4 dias
Updated: Aug 25, 2020
Sobre:
Kyoto é uma cidade muito antiga e especial, possui uma beleza exuberante e muitos templos. Foi residência do imperador e capital do Japão por muitos séculos e devido ao seu imensurável valor histórico, foi poupada de destruição durante a Segunda Guerra Mundial. É uma cidade que parece ter parado no tempo, contrastando com toda a modernidade do país.
Quando ir:
Antes de mais nada, gostaria de dizer que essa foi uma das maiores sortes que eu tive na vida de viajante: conhecer Kyoto no pico da coloração da folhagem de outono! O que não é lá tão fácil prever!
Fomos no ano de 2018 e chegamos na ultima semana do mês de Novembro, mais especificamente, dia 25. Normalmente, como é no caso das cerejeiras, o norte do país entra em pico primeiro e a "onda" vai descendo. Mas tudo depende da altitude, da variação de temperatura no ano , de chuvas e etc e pra cada cidade é diferente.
Apreciar o fenômeno natural da mudança das folhas para tons de amarelo, laranja e marrom é uma tradição japonesa milenar e se chama Koyo or Momoji.
As arvores de maple são as principais responsáveis por tamanha beleza e assim são veneradas na estação, a qual é carregada de simbologia fazendo alusão à natureza efêmera da vida.
Existem vários sites que mostram previsões das datas certas, é só procurar por: "Japan Autumn Foliage Forecast".
Onde Ficar:
Apesar de sua atmosfera de cidade pequena, Kyoto é bem grande então o ideal é ficar hospedado no meio da cidade e perto de estações de metrô já que as atrações são bem espaçadas. Além disso, os bairros de Gion e o distrito de Arashiyama são ótimas opções para quem quiser se manter numa atmosfera bem japonesa, quase parada no tempo e puder gastar um pouco mais. Como já havíamos "ostentado" em Hakone, ficamos por três dias num hotel bem central (e bem pequeno, bem-vindos ao Japão!)
Itinerário:
As particularidades da cultura japonesa e dos templos e Shrines são muitas, então aconselho contratar um guia, nem que seja só pelo primeiro dia, para se situar melhor. Escrevi um pouco mais sobre os dois no post de Tóquio.
1º Dia:
Tour pela área de Higashiyama:
No topo de uma colina, com vista para Kyoto, fica o imponente Kiyomizu-dera Temple. É um dos mais visitados da cidade, então é sempre bom começar o dia por ele.
De lá, seguimos na direção da Yasaka Pagoda pelas ruas pedonais mais lindas de Kyoto, Sannen-zaka, Ninen-zaka e Nene-no-Michi Lane, cheia de casas de madeira que nos transportam para o passado e nos fazem imaginar Kyoto antes do mundo moderno.
Yasaka Shrine é um santuário marcante pelas dezenas de lâmpadas de papel cobertas com a escrita Kanji. Com sorte, ainda dá pra apreciar uma 'apresentação" dessas:
De lá, almoçamos no mercado Nishiki, onde além de comprar iguarias e souvenirs, é possível comer de tudo um pouco:
Após a comilança, visitamos Nansenji, outro templo lindíssimo, que têm uma grandiosa estrutura de madeira de onde é possível subir e admirar as cores do outono.
Por trás do templo, vale conferir as belas ruínas de um aqueduto e uma pequena trilha pela colina:
A noite, fomos a um restaurante bem descolado onde nos servem uma bandeja com pequenos pedaços de peixe, frutas e legumes e especiarias para que nós mesmos "enrolemos" nosso sushi.
Awomb
# 189 Ubayanagicho, Nakagyo Ward, Kyoto, 604-8213, Japan
2º Dia:
Região sudeste/Kyoto Station:
Começamos bem cedo, chegando antes das 8 da manhã (e dos ônibus de turismo!) num dos principais cartões postais de Kyoto, o santuário Fushima Inari, famoso pelos seus milhares de portões Torii vermelhos ao longo de uma colina.
Esse é um dos santuários mais importantes do Japão, dedicado ao Deus do arroz, que está diretamente ligado à prosperidade e sucesso nos negócios. Sendo assim, os portões são doados por empresas ou famílias e cada um deles tem escrito o nome do seu doador.
O espaço é enorme, então prepare-se pois a visita durará algumas horas e deixe-se perder pelas trilhas, explorando os pedaços mais vazios.
A raposa é a mensageira do Deus Inari, então se veem muitas estátuas dela pelo caminho.
Com sorte, vc ainda pode "topar" com uma belíssima floresta de bambu. (Só não me pergunte como chegar até la, o lugar é um divertido labirinto!)
De lá, seguimos para o templo Tofukuji, exemplo da arquitetura Zen datada de 1300, onde ficam um jardim de pedras, musgo e desenhos impecáveis, uma grande sala pra meditação e um jardim repleto de arvores de Maple, o que faz dele um dos mais procurados no outono.
A vista da ponte Tsutenkyo pro vale de maples é realmente imperdível, apesar da quantidade de visitantes.
De lá, almoçamos na Estação central de Kyoto que parece mais um shopping center com uma imensa praça de alimentação, sendo uma ótima opção rápida e barato, onde muitos locais comem também. Tanto aqui quanto na Tokyo Station, há uma área só de restaurantes de noodles:, udon e ramem.
Depois, seguimos para a cerimonia de preparação e apreciação do chá verde, que havíamos reservado com bastante antecedência. Pesquisei bastante se era realmente necessário, mas achamos interessante dar uma pausa no "temple hopping" e conhecer um pouco mais sobre essa cultura milenar e particular. Sendo assim, escolhi o Ju An Tea Ceremony por este ser oferecido num quarto de tatame dentro de um templo e com vista pro seu jardim, como segue a tradição.
Extremamente formal e longo, pois era praticado junto de banquetes nos palácios entre a alta sociedade, o ritual é repleto de tradições, como o modo em que a cerimonialista entra na sala, o movimento de suas mãos, o local onde se ferve a água, o modo de mexer o Matcha e até o jeito de entregar para o convidado a "tigela", que por si só já é um objeto respeitado, pintada a mão e delicadamente decorada.
Ah, vale dizer que eu adoro Matcha, mas se vc não é fã dessa iguaria, não faz sentido fazer a cerimônia.
Depois, passeamos pelo belo bairro de Gion, apreciando sua arquitetura característica e com esperança de que no início da noite, mais precisamente as 6 da tarde, víssemos uma Geisha se dirigindo ao trabalho.
Vale lembrar que é extremante desrespeitoso tocar nelas ou tentar pará-las para tirar foto.
Depois, tivemos mais uma experiencia de jantar Kaiseki, onde o melhor da culinária da estação é servido em pequenas porçoes, de forma esplendorosa em louças cuidadosamente escolhidas.
Sim, no japão também se come com os olhos, literalmente!
Gion Karyo
# 570-235 Gionmachi Minamigawa, Higashiyama Ward, Kyoto, 605-0074, Japan
Outra coisa muito especial do outono em Kyoto é que vários templos abrem durante a noite com uma iluminação especial que exalta a beleza das árvores ainda que no escuro! Em geral, abrem as 17:30 e vão até 21hrs ou mais. Mas não vá logo no inicio para evitar os ônibus de turismo.
Kodaji Temple:
3º Dia:
Parte norte da cidade:
Começamos o dia visitando o templo Eikando-Ji, mais um local muito visitado no outono, devido a um belo lago que reflete as arvores e sua ponte, exaltados na iluminação noturna. Além disso, o pavilhão no estilo japonês com portas de correr e vista pro jardim são incríveis.
Subimos pelo Philosopher's Path, um caminho tranquilo de cerca 2km ao longo de um canal, chamado assim depois que um famoso filósofo japonês disse meditar enquanto por ali caminhava e hoje, conhecido também pelas cerejeiras ao longo, as galerias de arte, cafés e lojas modernas.
Pausa para um Matcha (que deu até dó de beber), com cheesecake de Matcha, (porque não?) e vista pra um jardim lindo:
Yojiya Cafe Ginkakuji
# Japan, 〒606-8421 Kyoto, Sakyo Ward, Shishigatani Honenincho, 15
Chegamos então ao templo Ginkaku-ji ou (Higashiyama Jisho-ji, como também identificado no google maps), famoso pelo seu pavilhão cinza (Silver Pavillion, que não é de fato cinza) e seu jardim de pedras, um dos meus preferidos da viagem.
Voltamos ao Caminho do Filósofo, onde "me perdi" na loja de artigos de papel Suzuki Shofudo
# 139 Jodoji Shimominamidacho, Sakyo Ward, Kyoto, 606-8404, Japan
E nos deliciamos com a pizza artesanal de Shimeji do forno a lenha do Monk, um lugar bem descolado, onde também funciona um studio de yoga.
Mas, Pizza no Japão? Sim, tudo que os japoneses se propõem a fazer, fazem com perfeição!
Super recomendo!
De lá, demos de cara na porta (fechada) do Koto-in Temple, mas pelas recomendações, acho que vale ver se a reforma acabou e fazer uma visita.
Chegamos então a outro famoso cartão postal de Kyoto, o pavilhão dourado do templo Kinkinkaku-ji, que foi residência de um importante Shogun, comandante do exercito japonês. No entanto, o pavilhão é a única estrutura de sobrou da antiga vila. Apesar de muito bonito, o lugar é longe e estava muito cheio de turistas, então fica a seu critério se deslocar para visitá-lo ou não.
Mas se for, não deixe de tomar um café logo ali perto no Sarasa Nishijin, onde antes funcionava uma casa de banho, o que é visível nos azulejos das paredes.
11-1 Murasakino Higashifujinomoricho, Kita Ward, Kyoto, 603-8223, Japan
Pra finalizar, visitamos o Nijo Castle, que foi também residência oficial do Shogun no período Edo, permanecendo um exemplo fiel da arquitetura e costumes do Japão feudal. Tombado como patrimônio mundial, a área a ser visita da é enorme, incluindo varias salas de tatame e um belo jardim. Infelizmente, fotos não são permitidas na parte interna.
No jantar, experimentamos um outro costume do Japão moderno, sushi na esteira. O valor a ser pago é calculado pela cor de cada prato consumido.
Nessa noite, nos deslocamos para um hotel em Arashyama, um distrito nos subúrbios de Kyoto, afim de explorar as belezas de lá no 4º dia. Confira neste outro post.
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