Guia de Cinque Terre
Chegando lá:
Cinque Terre é o nome do parque nacional, localizado na província da Ligúria, composto pelas 5 belas pequenas cidades (5 terre) que estão a 3 horas de trem de Milão. Antes que você comece a procurar por voos para Cinque Terre (italiano para "Cinco cidades"), saiba que não existe tal coisa. Não existem voos diretos para o parque nacional - será mais fácil chegar por Milão ou Florença.
Sobre:
Monterosso al Mare é a maior e a primeira parada vindo do norte. É a ÚNICA que realmente tem uma praia propriamente dita (embora muito rochosa em vez de arenosa) e onde carros podem circular. Tem grandes resorts e restaurantes, e tem mais jeito e cara de riviera italiana/francesa.
Vernazza tem um belo porto/enseada cercado por uma igreja e suas icônicas casas coloridas. Você encontrará muitas pessoas nadando ou tomando sol pelas rochas. Infelizmente, não é mais a jóia desconhecida que costumava ser. Embora o vilarejo seja pequeno, com apenas uma rua principal, é atualmente a favorita dos viajantes, de modo que chega a ficar saturada de turistas em excursões por volta do meio-dia.
Corniglia é a única que não está exatamente na água. Fica no topo do penhasco com vista para o mar e o vale. É a menor das 5 e requer uma subida semi-desafiadora de 382 degraus da estação de trem para a praça mas a recompensa vale a pena! Nos meses de pico, há também um mini-ônibus que vai da estação para a praça, ajudando aqueles que simplesmente querem desfrutar da vista sem a caminhada.
Manarola é a mais íngreme (muito sobe e desce) e a qual tem o menor porto, o que obriga os pescadores a empilhar seus barcos ao longo da via principal ao final do dia (fato conhecido por render ótimas fotos!). Tem uma geografia particularmente ótima para curtir o pôr-do-sol e um lado do vale é coberto de vinícolas e oliveiras.
Riomaggiore é a segunda maior depois de Monterosso e é onde começa a famosa Via Dell'amore (rota dos amantes). Com os deslizamentos de terra que destruíram drasticamente o caminho há alguns anos, ele encontra-se fechado para obras sem previsão de abertura. Há uma estrada alternativa para aqueles que querem caminhar de/para Riomaggiore não tão perto do mar, porém. Tem também uma ótima área no porto onde você pode nadar ou pular das rochas.
E é incrivelmente fotogênico !!
Planejamento:
A sua idéia inicial (assim como foi a minha) será dormir em cada cidade uma noite, mas sinto lhe dizer, isso não faz nenhum sentido! Os vilarejos ficam a 5min de trem um dos outros, o qual passa o dia todo a cada 10/20min, inclusive a noite! Explorar Cinque Terre requer andar bastante e confie em mim, você não vai querer ficar carregando suas coisas de um dia pro outro a cada cidade.
Esse lugar é conhecido mundialmente pelas trilhas, então sugiro trocar sua lindas rasteirinhas e espadrilhas por tênis para caminhada, confortáveis.
Atualmente, especialmente no verão europeu e com a ajuda de fotos bombando no instagram), Cinque Terre está em alta, então faça reservas com antecedência! Há poucas opções de estadia e restaurantes em cada cidade e você não vai querer perder a oportunidade de ir aos melhores.
Nós escolhemos ficar em uma pousada (Bed and Breakfast) que achei no airbnb logo nas bordas de Vernazza o qual eu faço questão de recomendar: L'Eremo sul Mare fica no alto da colina de frente pro centro da cidade no começo da blue path (trilha entre Vernazza e Corniglia).
Esteja ciente que pra chegar até lá é preciso subir uns 10min de escadas, mas vale muito a pena! Além da beleza e quietude do local, o que o torna especial é o terraço privativo com vista pra cidade, o mar e o pôr-do-sol!!
Nosso itinerário de 3 dias:
1º dia:
Pegando o trem das 8 da manhã de Milão, chegamos por volta das 11.30 em Vernazza, é so o tempo de largar as mochilas e sair pra pegar um lanche rápido.
As melhores opções nesse caso são a Focaccia de Batti Batti, os sanduíches do The Lunch Box, ou as bruschettas do Bruschettae.
De lá pegamos o trem para Riomaggiore.
Guardamos um lugar no estômago só pra provar uma frigittoria, o cone de frutos do mar frito, quitute famoso na área.
Il Pescato Cucinato é conhecido por ter o melhor do vilarejo. Lula frita, crocante e sequinha, não tem como rejeitar!
Em seguida, direto pro mar se refrescar!
Ô bênção!!
A agua em maio não era das mais quentes, mas nada que não desse pra se acostumar depois do mergulho! As pedras também não são assim tão escorregadias e perigosas então é fácil entrar e sair do mar.
Depois dessa refrescância toda, subimos o vilarejo até o topo onde fica a igreja de Riomaggiore e demos a volta por cima até chegar novamente na estação de trem, onde logo ao lado está localizado o Bar e Vini a Pié di Má, um ótimo local pra tomar um café, ou cerveja (ou os dois) apreciando a beleza do mar esmeralda lá embaixo.
De volta a Vernazza, compramos um vinho Cinque Terre, o vinho local, cultivado ali mesmo, antes e voltar pro "nosso terraço afim de apreciar o pôr-do-sol.
Apesar do que a maioria das pessoas pensa, as Cinque Terre não eram aldeias de pescadores, mas sim produtores de vinho e azeite. Hoje em dia, é claro, tem uma excelente cozinha de frutos do mar.
Para jantar fomos ao restaurante Belforte, o qual possui uma localização privilegiada com terraços com mesas fora por cima do mar. Carpaccio e massas com frutos de mar deliciosas!!
2º dia:
Era hora de queimar toda aquela massa e vinho com uma boa caminhada!
Caminhando por trás da igreja de Vernazza, você verá o início da Blue Path (caminho azul ) para Monterosso. Por ser um parque nacional, é preciso comprar passes no ponto de verificação antes de começar a caminhada. Um passe de dia custa 7,50 euros e dá acesso a todas as trilhas
Com poucas pessoas na nossa frente e apenas algumas paradas, mantivemos um bom ritmo e chegamos a Monterosso em 1h 20m. Algumas partes da trilha são extremamente estreitas, permitindo uma pessoa por vez, então, se for um dia cheio, pode ser que você precise esperar pra passar.
Eu recomendo que você faça essa caminhada pela manhã ou pela tarde. Por algum motivo, as trilhas ficam bem cheias na hora do almoço (quando também é quando está mais quente, é claro) e, ainda mais importante, fazer o percurso de Vernazza para Monterosso. No oposto, você encontrará centenas de degraus bem íngremes durante a primeira meia hora. Nós ficamos muito felizes por estarmos descendo e ao invés de subindo!
Traga muita água, não existe lugar pra encher garrafas!!
Durante o verão, a maioria das praias na Itália possui somente uma pequena parte aberta de graça ao público (e normalmente não é a parte mais bela, como é o caso aqui). Em Monterosso, para aproveitar as confortáveis espreguiçadeiras é preciso pagar 8 euros por pessoa e 4 pelos fotogênicos guarda-sóis. (Não, também não rola estender sua canga aqui!)
Mas, se você estiver interessado somente num mergulho, como nós, é possível deixar suas coisas nas pedras e perto dali mergulhar.
Depois de nos refrescarmos, pegamos uma focaccia (também famosa nessa área) e embarcamos no trem para Corniglia, onde era hora para mais agachamentos. Apesar de serem centenas de degraus até o topo, foi na verdade muito fácil, pois os degraus são bem pequenos e espaçados.
Para almoço ou jantar, você TEM que ir ao Cantina de Mananan, que além de uma culinária tradicionalíssima (e barata) tem uma decoração das mais originais.
Provamos o testarolo, uma panqueca típica da região que é consumida como massa ao molho pesto (que também foi inventado na Liguria).
As sobremesas também são de comer rezando!
Depois desse almoço dos deuses, era hora de caminhar denovo como meros mortais, certo?!
Já que nosso B&B está localizado na trilha entre Corniglia e Vernazza, nada mais inteligente do que andar de volta.
Depois de alguns minutos, avistamos Corniglia e o mar a distância.
E Vernazza uma hora depois:
Mais uma vez - para o bem dos seus joelhos - recomendo caminhar de Corniglia para Vernazza e não o inverso, já que você estará começando de um ponto mais alto e basicamente só precisa andar no reto ou descer.
Para o pôr-do-sol desta noite (nessa estação acontece por volta das 8.30 da noite) pegamos o barco até Manarola.
Existe uma cia que faz o mesmo transporte entre os vilarejos, - exceto Corniglia - de barco. Confesso que achei a locomoção de trem muito mais fácil e prática, além do mais, o barco não vai tão rente a costa assim para que se tenha uma visão especial da mesma e as filas de embarque chegam a ficar beeem longas.
O charme principal desse vilarejo é admirar sua beleza do terraço do Nessus Dorma bebericando vinho e apreciando bruschettas e presunto cru com melão enquanto o sol se põe.
Depois descemos pra explorar a vila e ver sua beleza durante a mágica hora dourada.
Se você ainda tiver algum espaço, a Tratoria dal Billy, é um excelente (e popular) restaurante onde você pode se deliciar com troffie ao pesto (outra especialidade na área), massas com trufas e frutos do mar, com vista sobre a cidade.
3ª dia:
Nosso trem de volta a Milão saía as 2 da tarde, então decidimos passar a manhã tranquilamente em Vernazza, visitando sua igreja, admirando a vista da torre do Castelo Doria e aproveitando o mar.
Uma ótima opção de café-da-manha tranquilo ou almoço leve é o Il Pirata Delle Cinque Terre, localizado no fim da rua principal, longe da movimentação turística.
Como você pôde perceber, uma viagem a Cinque Terre gira principalmente ao redor de comida (Rá, bem-vindos a Itália!), vinho e caminhadas para apreciar a vista.
Se você quiser tirar um dia pra relaxar, é possível arranjar com barqueiros no porto um passeio de um dia pelas cidadezinhas e praias ou fazer o passeio a Portovenere (uma cidade um pouco maior depois de Riomaggiore) e às ilhas ao seu redor.
Salute ;-)