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Gabriela Vieira:

Natural do Rio de Janeiro, mais precisamente Araras, um vale na serra de Petrópolis. Geminiana. Botafoguense com muito orgulho, lançada no mundo com 17 anos, quando comecei minha carreira como modelo. Desde então cigana, curiosa por natureza, apaixonada por viagens, culturas diversas, línguas, culinária e até um pouco de moda...

Morei 5 anos em Milão, 2 em Paris e nos ultimos quase 6 anos, em Nova York. Atualmente de volta a minha origem e cidade do coração, Rio de Janeiro (mas sabe se lá até quando...)

 

Writer's pictureGabriela Vieira

Uma escala em Istanbul



Afim de dar uma quebrada no longo voo de Nova York para Tailandia, resolvemos fazer uma escala estratégica na Turquia. Nunca tinha estado no país e sendo grande fã da sua culinaria, da sua rica história e cultura, não podia ter lugar melhor para um pit-stop entre o ocidente e o oriente!

Tínhamos exatamente 10 horas de escala, trocamos alguns dolares e embarcamos num taxi em direção a cidade velha.


Os minaretes - torres de onde saem o som pro chamado para a oração - são tão grandes que não couberam na foto.

Em 40 minutos, sem transito, chegamos no centro da cidade velha, logo na mesquita Sultanamet, a mais importante da cidade, a qual foi batizada de Blue Mosque pelos visitantes ocidentais por conta de seus belos vitrais azuis.



Vale ressaltar que a mesquita é totalmente ativa e não é permitida a entrada de turistas em nenhum dos 5 horários de orações diárias.

Tivemos sorte e chegamos logo no fim da pregação das 3 da tarde.

Observe que a vestimenta é muito importante, mas não se preocupe, se não estiver com ombros e joelhos devidamente cobertos e sem lenço para cabeça, é possivel fazer um empréstimo lá mesmo.

Jamais entre de sapato, carregue-os consigo na sacola plástica oferecida.


Com tanta beleza e grandiosidade, é até difícil olhar pra baixo, mas tente ficar atento para não pisar em lugares indevidos.

E sem mais, deixe-se ficar boquiaberto com o teto super ornamentado com mais de 20mil azulejos e o tapete tão bem conservado.


Assim que saímos da mesquita, já damos de cara com a vizinha Hagya Sophia.

Com o cansaço e as 7 horas de diferença de Nova York batendo, fomos em busca de um café turco antes de continuar passeando.


Logo ao lado da mesquita, na rua pedonal chamada Kabasakal, encontramos o Elif Cafe e suas mesinhas decoradas, onde nos abastecemos (de pó) de café e enroladinhos de queijo.


De lá seguimos para Santa Sofia, a basilica construida no anos 500 (sim, istanbul é um choque de idade!) primeiramene para ser a catedral do imperio bizantino.

Cem anos depois, quando constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos, foi convertida em mesquita.

O sino, o altar, mosaicos com Jesus e outros símbolos católicos foram substituídos por islâmicos e minaretes foram adicionadas no seu exterior.

Em 1935 foi transformada em museu, um tanto ja decadente, hoje passa por grandes reformas. Lá está um dos maiores domos do mundo, a 55 metros do chão - menor somente do que o pantheon de roma - e uma coleção de caligrafia considerada única e preciosa.






Os mosaicos da catedral são bem especiais, muitos foram destruídos, com o tempo, com um terremoto ou até foram saqueados (enviados para Veneza) mas alguns resistiram bravamente.



Não bastasse a beleza da luz que entra pelas janelas, das mesmas ainda é possível ver pedaços do exterior da basilica e a Blue Mosque mais além!

Na saída da basilica ainda pegamos o sol se pondo, evidenciando a silhueta das minaretes riscando o céu:



De lá andamos mais alguns metros até a Basilica Cistern, a maior entre centenas de cisternas subterrâneas de Istanbul. Foi construída no século 6º e fornecia um sistema de agua filtrada para os palacios, tanto no império bizantino como no Otomano.

Capaz de conter 100mil toneladas de água, hoje reformada, é um cenário digno de livro do Dan Brown. O inferno, no caso.




A base de cabeça de Medusa, citada na ficção de Dan Brown.

Apesar da sensação de claustrofobia, (e medo em saber que aquela estutura é muito velha) 336 colunas de mármore sustentam o teto magestosamente.

De lá começamos a descer em direção ao Palácio Topkaki. a riquíssima residência dos sultões otomanos. Grande foi meu desapontamento ao dar de cara no portão!!

Infelizmente, fechava as 5!! Fica a dica, pesquisem os horários de abertura! Antes!

Dizem que é lindo, riquíssimo em detalhes e o harém - local onde eram mantidas as concubinas do sultão (o malandrão) - imperdível.

Seguimos em direção ao estreito de Bósforo, o canal que liga o mar Negro ao mar de Mármara, marcando o limite dos continentes asiático e europeu na Turquia.

Dali saem barcos que fazem passeios turísticos pelo estreito e transportam passageiros de uma margem a outra.

Apreciamos as luzes da cidade se acendendo, com a torre Galata nos vigiando da outra margem.




Ainda a beira do bósforo, "ao pé" da ponte Galata, fica um dos locais mais famosos de comida de rua em Istanbul.

É servido um famoso sanduíche de peixe frito. Balik Ekmek!

Foi bem nessa hora que a fome bateu!

Mas como eu sou mais da galera do kibe, atravessamos a rua e fomos ao Hamdi. No terceiro andar, com vista para o canal e a mesquita Yeni Cami, o restaurante está em funcionamento desde 1960 com a reputação de ter um dos melhores Kebap da cidade. Não é pra menos, o cardápio oferece 17 tipos do mesmo! O nosso escolhido veio recheado de pistaches!


Logo ao lado está o Spice Bazaar, um dos maiores mercados do tipo no mundo, destinado ao comércio de especiarias desde a era medieval. Ainda hoje é bastante utilizado, mesmo sendo bem turístico. É um deleite para os olhos e paladar. Além de ervas são vendidas frutas secas - damascos, tâmaras, nozes, pistache, macadâmia - folhas e flores para chá, doces e o artigo mais ilustre, turkish delight.






Lokum é o nome turco para essa iguaria super antiga, criada ainda no império otomano, que consiste em um gel-goma feito de açúcar e amido, com sabor de frutas ou até de rosas, salpicado de pistache ou avelã, coberto com açúcar de confeiteiro ou côco ralado.

Sabe aquele ursinho de goma? O gummy bear? Pois então, digamos que o delight foi o precursor dele!!


Saimos de lá correndo a fim de ainda pegar o Grand Bazaar aberto! (fecha as 19hrs nos dias úteis e as 18hrs nos finais de semana. )

Este é um dos maiores mercados cobertos do mundo e, com certeza, não poderia faltar na nossa visita a Turquia.

A arte de comercializar, está no sangue dos turcos. São 5mil lojas distribuídas num labirinto de 60 ruas!

Lá estão peças de cerâmica pintadas a mão, tapetes, bijuterias, souvenirs e as lindíssimas lanternas, além dos turcos - nada sorridentes quando tentamos fazer uma foto - todos a espera da sua barganha.






Saímos praticamente escorraçados de lá quando deu 19horas. Ah, como são delicados os turcos!

Pegamos o tram que passa logo na saída do bazar em direção a Karakoy, bairro bem agradável do outro lado do canal, onde subimos pelas belas ruas estreitas em direção a Torre Galata.




A torre em estilo medieval com quase 70 metros de altura é a estrutura mais alta da cidade. Construída em 1348, usada como farol e centro de observação, resistiu parcialmente a ataques, passou por reformas e desde 1967 seu interior de madeira foi susbtituído por concreto e foi aberta a público, com um restaurante e um café nos últimos andares e uma visão panorâmica de Istanbul de sua varanda.


Istanbul aos seus pés, com a Blue Mosque e a Santa Sophia lá no fundo.

Descendo pelas ruas do bairro, seguimos em direção a Karakoy, bairro jovem cheio de barzinhos e restaurantes descolados, além da melhor confeitaria da cidade: Karaköy Güllüoğlu.

Era hora de provar a melhor Baklava do pedaço!!!




Prato oficial da turquia, iguaria consumida nos palácios, esse doce é um pastel de mil folhas - mais precisamente 40 camadas de massa super hiper mega fina - recheadas com uma pasta de nozes trituradas e banhada em xarope ou mel. Existem variedades que incorporam pistache, avelãs ou sementes de sésamo. Enrolar a massa requer muito trabalho e os padeiros mestres chegam a trabalhar 10 anos até conseguir esse título!!

(Informações retiradas de um documentário sobre a Baklava, o qual assiti no voo indo pra lá. Imaginem só como eu não estava de vontade de comê-la!!!)

Essa foi a primeira confeitaria a comercializá-la, nem preciso dizer que é a melhor e mais famosa. Uma delícia, crocante e molhadinha!! Perca seu voo mas não saia da Turquia sem dar uma mordida!


Demos umas voltas pelas ruas da região, passamos por vários restaurantes legais e por fim, tomamos um vinho no bar chamado Verde.

De lá, voltamos pro aeroporto, de tram + metrô, que já nos deixou direto no terminal.

Como muitas viagens com destinos asiáticos tem escalas longas assim, a própria Turkish Airlines criou um passeio que faz um tour dos principais pontos turísticos, com guia e de graça, saindo em diferentes horários por dia!! Achei essa idéia excelente, infelizmente nossos horários não bateram!


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