Uma escala em Istanbul
Afim de dar uma quebrada no longo voo de Nova York para Tailandia, resolvemos fazer uma escala estratégica na Turquia. Nunca tinha estado no país e sendo grande fã da sua culinaria, da sua rica história e cultura, não podia ter lugar melhor para um pit-stop entre o ocidente e o oriente!
Tínhamos exatamente 10 horas de escala, trocamos alguns dolares e embarcamos num taxi em direção a cidade velha.
Os minaretes - torres de onde saem o som pro chamado para a oração - são tão grandes que não couberam na foto.
Em 40 minutos, sem transito, chegamos no centro da cidade velha, logo na mesquita Sultanamet, a mais importante da cidade, a qual foi batizada de Blue Mosque pelos visitantes ocidentais por conta de seus belos vitrais azuis.
Vale ressaltar que a mesquita é totalmente ativa e não é permitida a entrada de turistas em nenhum dos 5 horários de orações diárias.
Tivemos sorte e chegamos logo no fim da pregação das 3 da tarde.
Observe que a vestimenta é muito importante, mas não se preocupe, se não estiver com ombros e joelhos devidamente cobertos e sem lenço para cabeça, é possivel fazer um empréstimo lá mesmo.
Jamais entre de sapato, carregue-os consigo na sacola plástica oferecida.
Com tanta beleza e grandiosidade, é até difícil olhar pra baixo, mas tente ficar atento para não pisar em lugares indevidos.
E sem mais, deixe-se ficar boquiaberto com o teto super ornamentado com mais de 20mil azulejos e o tapete tão bem conservado.
Assim que saímos da mesquita, já damos de cara com a vizinha Hagya Sophia.
Com o cansaço e as 7 horas de diferença de Nova York batendo, fomos em busca de um café turco antes de continuar passeando.
Logo ao lado da mesquita, na rua pedonal chamada Kabasakal, encontramos o Elif Cafe e suas mesinhas decoradas, onde nos abastecemos (de pó) de café e enroladinhos de queijo.
De lá seguimos para Santa Sofia, a basilica construida no anos 500 (sim, istanbul é um choque de idade!) primeiramene para ser a catedral do imperio bizantino.
Cem anos depois, quando constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos, foi convertida em mesquita.
O sino, o altar, mosaicos com Jesus e outros símbolos católicos foram substituídos por islâmicos e minaretes foram adicionadas no seu exterior.
Em 1935 foi transformada em museu, um tanto ja decadente, hoje passa por grandes reformas. Lá está um dos maiores domos do mundo, a 55 metros do chão - menor somente do que o pantheon de roma - e uma coleção de caligrafia considerada única e preciosa.
Os mosaicos da catedral são bem especiais, muitos foram destruídos, com o tempo, com um terremoto ou até foram saqueados (enviados para Veneza) mas alguns resistiram bravamente.
Não bastasse a beleza da luz que entra pelas janelas, das mesmas ainda é possível ver pedaços do exterior da basilica e a Blue Mosque mais além!
Na saída da basilica ainda pegamos o sol se pondo, evidenciando a silhueta das minaretes riscando o céu:
De lá andamos mais alguns metros até a Basilica Cistern, a maior entre centenas de cisternas subterrâneas de Istanbul. Foi construída no século 6º e fornecia um sistema de agua filtrada para os palacios, tanto no império bizantino como no Otomano.
Capaz de conter 100mil toneladas de água, hoje reformada, é um cenário digno de livro do Dan Brown. O inferno, no caso.
A base de cabeça de Medusa, citada na ficção de Dan Brown.
Apesar da sensação de claustrofobia, (e medo em saber que aquela estutura é muito velha) 336 colunas de mármore sustentam o teto magestosamente.
De lá começamos a descer em direção ao Palácio Topkaki. a riquíssima residência dos sultões otomanos. Grande foi meu desapontamento ao dar de cara no portão!!
Infelizmente, fechava as 5!! Fica a dica, pesquisem os horários de abertura! Antes!
Dizem que é lindo, riquíssimo em detalhes e o harém - local onde eram mantidas as concubinas do sultão (o malandrão) - imperdível.
Seguimos em direção ao estreito de Bósforo, o canal que liga o mar Negro ao mar de Mármara, marcando o limite dos continentes asiático e europeu na Turquia.
Dali saem barcos que fazem passeios turísticos pelo estreito e transportam passageiros de uma margem a outra.
Apreciamos as luzes da cidade se acendendo, com a torre Galata nos vigiando da outra margem.
Ainda a beira do bósforo, "ao pé" da ponte Galata, fica um dos locais mais famosos de comida de rua em Istanbul.
É servido um famoso sanduíche de peixe frito. Balik Ekmek!
Foi bem nessa hora que a fome bateu!
Mas como eu sou mais da galera do kibe, atravessamos a rua e fomos ao Hamdi. No terceiro andar, com vista para o canal e a mesquita Yeni Cami, o restaurante está em funcionamento desde 1960 com a reputação de ter um dos melhores Kebap da cidade. Não é pra menos, o cardápio oferece 17 tipos do mesmo! O nosso escolhido veio recheado de pistaches!
Logo ao lado está o Spice Bazaar, um dos maiores mercados do tipo no mundo, destinado ao comércio de especiarias desde a era medieval. Ainda hoje é bastante utilizado, mesmo sendo bem turístico. É um deleite para os olhos e paladar. Além de ervas são vendidas frutas secas - damascos, tâmaras, nozes, pistache, macadâmia - folhas e flores para chá, doces e o artigo mais ilustre, turkish delight.
Lokum é o nome turco para essa iguaria super antiga, criada ainda no império otomano, que consiste em um gel-goma feito de açúcar e amido, com sabor de frutas ou até de rosas, salpicado de pistache ou avelã, coberto com açúcar de confeiteiro ou côco ralado.
Sabe aquele ursinho de goma? O gummy bear? Pois então, digamos que o delight foi o precursor dele!!
Saimos de lá correndo a fim de ainda pegar o Grand Bazaar aberto! (fecha as 19hrs nos dias úteis e as 18hrs nos finais de semana. )
Este é um dos maiores mercados cobertos do mundo e, com certeza, não poderia faltar na nossa visita a Turquia.
A arte de comercializar, está no sangue dos turcos. São 5mil lojas distribuídas num labirinto de 60 ruas!
Lá estão peças de cerâmica pintadas a mão, tapetes, bijuterias, souvenirs e as lindíssimas lanternas, além dos turcos - nada sorridentes quando tentamos fazer uma foto - todos a espera da sua barganha.
Saímos praticamente escorraçados de lá quando deu 19horas. Ah, como são delicados os turcos!
Pegamos o tram que passa logo na saída do bazar em direção a Karakoy, bairro bem agradável do outro lado do canal, onde subimos pelas belas ruas estreitas em direção a Torre Galata.
A torre em estilo medieval com quase 70 metros de altura é a estrutura mais alta da cidade. Construída em 1348, usada como farol e centro de observação, resistiu parcialmente a ataques, passou por reformas e desde 1967 seu interior de madeira foi susbtituído por concreto e foi aberta a público, com um restaurante e um café nos últimos andares e uma visão panorâmica de Istanbul de sua varanda.
Istanbul aos seus pés, com a Blue Mosque e a Santa Sophia lá no fundo.
Descendo pelas ruas do bairro, seguimos em direção a Karakoy, bairro jovem cheio de barzinhos e restaurantes descolados, além da melhor confeitaria da cidade: Karaköy Güllüoğlu.
Era hora de provar a melhor Baklava do pedaço!!!
Prato oficial da turquia, iguaria consumida nos palácios, esse doce é um pastel de mil folhas - mais precisamente 40 camadas de massa super hiper mega fina - recheadas com uma pasta de nozes trituradas e banhada em xarope ou mel. Existem variedades que incorporam pistache, avelãs ou sementes de sésamo. Enrolar a massa requer muito trabalho e os padeiros mestres chegam a trabalhar 10 anos até conseguir esse título!!
(Informações retiradas de um documentário sobre a Baklava, o qual assiti no voo indo pra lá. Imaginem só como eu não estava de vontade de comê-la!!!)
Essa foi a primeira confeitaria a comercializá-la, nem preciso dizer que é a melhor e mais famosa. Uma delícia, crocante e molhadinha!! Perca seu voo mas não saia da Turquia sem dar uma mordida!
Demos umas voltas pelas ruas da região, passamos por vários restaurantes legais e por fim, tomamos um vinho no bar chamado Verde.
De lá, voltamos pro aeroporto, de tram + metrô, que já nos deixou direto no terminal.
Como muitas viagens com destinos asiáticos tem escalas longas assim, a própria Turkish Airlines criou um passeio que faz um tour dos principais pontos turísticos, com guia e de graça, saindo em diferentes horários por dia!! Achei essa idéia excelente, infelizmente nossos horários não bateram!